A nossa história | Our history

A história da vinha Barca do Inferno por Francisco Macieira, 4ª geração

Diz-se que cada vinho conta três histórias: a do lugar, a do produtor e a do ano, por isso, contar a 'estória' da vinha (e do vinho) Barca do Inferno é contar a 'estória' do meu avô. Estávamos no ano de 1963, quando o meu avô, Mário Arrenegado, Vigneron, adquiriu a Quinta do Garrido, onde se localiza a vinha Barca do Inferno. A altitude privilegiada da Quinta, conjugada com a exposição ao Atlântico, os solos calcários e o abrigo da serra de Montejunto eram, no seu entender, a conjugação perfeita para uma viticultura de qualidade e com pouca intervenção. Para o meu avô, fazer vinho de qualidade nestas condições seria como que natural, porque davam de bandeja às uvas características únicas.

Apercebendo-se do potencial do local, foi pioneiro na introdução de algumas castas estrangeiras e que fazem parte da nossa história como Syrah, Cabernet Sauvignon e a Chardonnay. No entanto, consciente do património genético que tinha em mãos, recuperou as vinhas mais importantes, as que já existiam de castas portuguesas, como Touriga Nacional, Sousão e Arinto. A sua obsessão por qualidade levou-o a considerar nas novas plantações as características de cada parcela da Quinta o que, naquela época, não era habitual. Foi por isso pioneiro neste tipo de viticultura. Este trabalho foi feito com a abertura de perfis no solo em vários pontos das parcelas para perceber as características do solo.

Em 1964, a partir de uma antiga casa na Quinta onde se guardava o gado bravo, começou a construir a adega que viria a chamar-se mais tarde adega GARROCHA. Essencialmente, a sua ideia era a de criar uma vinificação pouco interventiva, com fermentação em lagares de betão para vinhos tintos e fermentação em cubas de betão para vinhos brancos. O estágio dos vinhos era feito em tonéis de madeira de carvalho português e cubas de betão. Em suma, o grande objetivo era manter inalterável a essência do terroir.

O nosso ADN

Tradição e inovação

Tradição e inovação fazem parte do nosso ADN. Os vinhos que produzimos apresentam a memória de um passado longínquo, repleto de segredos, saberes e experiências, a cultivar vinhas e a fazer vinhos, partilhados a cada nova geração. Aliado a este legado intergeracional, plantamos um futuro com o rigor científico e o conhecimento tecnológico que os nossos vinhos exigem, respeitando a evolução dos tempos e apostando numa sábia e criativa conjugação de castas em busca de um vinho único e diferenciador.

Contar a história da Barca do Inferno, é recuar no tempo e voltar a um ano de intempéries e a uma vindima 'sui generis' que marcou a história da nossa família e da região. Foi 'graças' a esse malogrado ano, que nos desafiámos a transformar a tempestade em bonança. Com as únicas castas que se salvaram - Sousão e Cabernet Sauvignon - nunca vinificadas em conjunto, criámos um vinho com alma, com carácter e com potencial de envelhecimento para as próximas gerações. Se o seu nome é inspirado numa das mais emblemáticas obras do poeta português Gil Vicente que tão bem dramatizou 'estórias' de salvação e mistérios medievais, as uvas na origem deste vinho são bem reais e exclusivas das nossas vinhas.

Francisco Arrenegado Macieira, 4.ª geração, Vigneron, CEO e Enólogo (Msc) Garrocha Vinhos


Maria Arrenegado e Francisco Rocha Macieira | 3ª geração

Maria Arrenegado e Francisco Rocha Macieira, meus pais, são a 3.ª geração da família e os fundadores da empresa GARROCHA VINHOS, empresa familiar, no concelho de Alenquer. Diz-se que nada acontece por acaso, tudo tem uma razão de ser... e a verdade é que o encontro entre Maria e Francisco deu frutos para além do casamento. Ligava-os também o amor à terra, um feliz acaso que se 'materializou' numa empresa. Maria Macieira possuía as propriedades, algumas com vinhas muito velhas, mas com um potencial extraordinário. Já Francisco Macieira tinha, acima de tudo, o know how de várias gerações sobre a viticultura e enologia de qualidade. Juntos deram uma nova vida às propriedades, reergueram a produção e criaram vinhos especiais onde os terroirs são únicos e se fazem sentir.

Francisco Arrenegado Macieira | 4ª geração

O nosso terroir conjuga: solos com alto teor em calcário ativo, proximidade ao oceano e altitude elevada. Tendo em conta as especificidades dos terroirs das nossas quintas, adotamos práticas de investigação e experimentação nas áreas de enologia e viticultura, porque sabemos que só com a máxima atenção ao vinhedo e a mínima intervenção na adega podemos garantir a identidade e a qualidade de cada vinho que produzimos. A nossa missão na Garrocha Vinhos é fazer vinhos ricos e inesquecíveis que respeitam a sua origem, sendo impossível fazê-los noutro local do mundo.


Plantar sementes para as gerações futuras

Criar um legado duradouro respeitando a tradição da família, é algo que nos move há muitas gerações. Corre-me nas veias o sangue dos meus antepassados e a mesma paixão por estas terras. Mas, por si só, isso não bastava. Precisava de tempo, dedicação e esforço para gerar frutos e marcar uma nova era, nesta natural sucessão geracional de liderança. Tornei-me Engenheiro Agrónomo, enólogo (Msc) e pós-graduado em Marketing para me juntar a meus pais na empresa e contribuir com o meu know how para fazer crescer o negócio. Acumulei os cargos de CEO e enólogo, ficando o meu pai como Presidente da Administração. No início da minha carreira trabalhei em gestão de projetos e, mais tarde, como enólogo numa empresa de vinhos australiana. Até que um dia, decidi voltar para me juntar definitivamente ao projeto da família, GARROCHA VINHOS.

Vinha Barca do Inferno

As terras lá do alto que veem o mar

Dadas as condições climatéricas da nossa vinha, a 330 metros de altitude, a fotossíntese nas videiras ocorre com uma grande intensidade produzindo muitos fotoassimilados e a consequente criação de reservas próprias. O que assegura uvas com alta concentração em compostos polifenólicos, nomeadamente, taninos e aromas.

Por outro lado, em virtude da influência atlântica que proporciona temperaturas moderadas durante o Verão, no período de maturação da uva, as temperaturas máximas nunca são muito elevadas. Esta é uma característica de extrema importância pois garante que não há paragens de maturação e consequente perca imediata de qualidade das uvas. Ao mesmo tempo, com as temperaturas moderadas, as uvas adquirem aromas florais e de fruta fresca, os taninos amadurecem completamente tornando-se sedosos e originando potencial de longevidade aos vinhos.

Os solos da nossa vinha são calcários, factor que permite reter uma boa quantidade de água, disponibilizando-a às videiras lentamente, e uma excelente drenagem, proporcionando um stress hídrico muito moderado, favorecendo a qualidade das uvas! 

Além das características hidráulicas, também o elevado teor em carbonato de cálcio no solo é responsável por uvas com teor de açúcar mediano e, consequentemente, vinhos com maior acidez total e "mineralidade". 

Estas características de terroir, que tanto respeitamos e gostamos, proporcionam vinhos minerais com aromas frescos e taninos sedosos onde o álcool e a acidez estão em perfeita harmonia!